No encontro de dia 14 Junho para comemoração do dia da internet um dos temas abordados foi o consumo de aplicação proprietárias pelo utilizador comum e a dificuldade do uso de software livre por utilizadores fora do nosso universo dos utilizadores de software livre.

Vou tentar dar algumas opiniões sobre o tema.

UHU

Não existe uma marca com nome feito em que o utilizador se possa referir.

Qualquer utilizador que vá aos serviços online de uma Google ou Microsoft, debaixo do mesmo chapéu podem encontrar as diversas ferramentas e devidamente integradas entre elas.

No universo do software livre, poderemos ter as mesmas ferramentas, com diferentes níveis de qualidade e desenvolvimento, mas encontram-se divididas entre si. Não existe uma cola aglutinadora.

Nunca ninguém foi despedido por comprar IBM

Se não existir uma marca chapéu, não é possível criar um selo de qualidade empírica por parte dos utilizadores. E sem esse selo, não existe motivo para um utilizador poder confiar num determinado serviço.

Quando vamos a um restaurante McDonald’s, quer seja um restaurante em Portugal, quer seja nos Estados Unidos, sabemos que vamos ter uma linha de produtos e um serviço semelhante, porque todos se guiam pelas mesmas normas de franchising. Por outro lado, se fomos a um restaurante de hambúrgueres numa determinada rua em Lisboa e se formos a outro no quarteirão ao lado, excluindo que ambos servem hambúrgueres, não sabemos se a qualidade é a mesma ou se têm os mesmos serviços.

Agora coloco um cenário. Estão em trabalho num país estrangeiro, algures no continente Africano, têm 1/2 hora para almoçar. Do lado direito têm um restaurante da McDonald’s, do lado esquerdo um restaurante que servem hambúrgueres. Qual vai ser a vossa escolha?

Diz-me um restaurante bom ao pé de tua casa

Uma pergunta que de vez em quando me fazem, é pedir indicações sobre restaurantes ao pé de minha casa ou perto de onde trabalho.

Problema, em ambos os casos, não exploro todos os restaurantes que envolvem as respetivas zonas.

Ao pé de casa, normalmente como em casa, só uso os restaurante ao pé de casa em momentos raros, logo o meu conhecimento é muito pouco.

Ao pé do trabalho, normalmente como na cantina e também não conheço muito mais que dois ou três ao lado.

Onde quero chegar, quando alguém pergunta a outro sobre uma aplicação para <introduzir funcionalidade>, ou o outro explorou as diversas aplicações e sabe indicar diversas opções, ou não sabe o que existe e indica o que conhece. Logo o que é mais conhecido continua a ser mais divulgado.

Óculos de proteção ou Palas

Quando à umas dezenas de anos apareceu o Google, trocadilho da palavra goggles, trouxe uma lufada de ar fresco ao mercado dos motores de pesquisa. Rápido e com melhor qualidade nos resultados.

Mas o que possibilita essa magia acontecer, também é uma pala nos olhos, que só afunila os utilizadores para onde a maioria já olha.

Mas caso o mercado de busca tivesse interesse em contornar este problema, isso poderia ser feito, bastava usarem as mesmas táticas que são usado em produtos como o Youtube ou lojas online. Em cada n resultados do que o utilizador pretende, lá introduzem um ou dois items ao lado a ver se eles pegam.

Por isso, as novas opções terão sempre dificuldade em ser encontradas.

Bolhas e Relógios

Todos nós estamos dentro de umas bolhas… e as nossas de software livre e liberdade digital, são pequenas e ainda as partimos mais devido aos nossos relógios. Não termos tempo para mais.

Penso que se resolver o problema a nível nacional é preciso juntar todas as bolhas numa só maior.

É preciso criar uma marca sobre o qual se possa fornecer um conjunto de serviços e juntar os relógios de todos nós.

Como se poderia fazer isto?

  1. Juntar a Confederação das Associações
    • Existem muitas associações em que os associados disponibilizam o seu tempo para o bem dos outros. Algumas associações que poderiam trabalhar em conjunto são as nossas de software livre e associações de país e ONGs.
    • Nós poderíamos dar-lhes os serviços que eles precisam e nós começamos a ter visibilidade.
  2. Juntar criativos e criar uma marca e respetiva norma de uso da marca.
    • É importante existir uma marca única para que os utilizadores ao longo do tempo lhe possam colocar um selo de qualidade e existir notoriedade.
  3. Arranjar local onde colocar os serviços.
    • Será preciso obter o suporte de algumas empresas de alojamento nacionais.
  4. Criar equipas para montar os serviços
    • Quando se tiver a marca e onde colocar os serviços é possível começar a desenvolve-los. Com base nas necessidades das diversas associações, priorizar a implementação dos serviços.
  5. Obter das empresas de software livre, horas dos seus colaboradores para dar suporte 24x7 aos serviços.
    • Por muita boa vontade que todos nós tenhamos, não será possível dar suporte 24x7 quando algo corre mal.
  6. Criar um modelo de negócio (sem fins lucrativos)
    • Se tudo correr bem, as coisas crescem e deixa de ser comportável disponibilizar os serviços de forma gratuita só com base no suporte das empresas parceiras, nessa altura será necessário obter fontes de financiamento.

Claro que isto seria um plano muito abstrato, e chegados ao último ponto o risco de implosão do projeto é quase garantido.

Também existe o facto de se ir dar uma machadada num dos princípios fundamentais. Restringir as opções para os utilizadores. Não será possível fornecer mais do que uma aplicação para a uma determinada função.